quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Rochas revelam grande resfriamento global




Os ancestrais da humanidade que viviam há 34 milhões de anos tinham um problema totalmente diferente do nosso com o qual se preocupar: um forte surto de resfriamento global. Duas novas pesquisas ajudam a entender como o mundo começou a se enregelar - um processo que, ironicamente, criou a Terra que conhecemos hoje.
Ambos os trabalhos estão na revista científica britânica "Nature", uma das mais prestigiosas do mundo. Um deles, coordenado por Alessandro Zanazzi, da Universidade da Carolina do Sul, é o primeiro a estimar quão mais frio o planeta ficou: nada menos que 8 graus Celsius, a julgar pela composição química de fósseis da região centro-norte dos EUA.

Já Guillaume Dupont-Nivet e seus colegas da Universidade de Utrecht, na Holanda, examinaram como o platô do Tibete, na Ásia, foi ficando mais árido graças à mudança climática (momentos de resfriamento global costumam coincidir com os de aridez global). As pesquisas comprovam uma transformação dramática do clima da Terra - que passou de um "efeito estufa" para um "efeito geladeira", na terminologia jocosa dos autores. Mas ainda há um mistério em torno do processo que levou a tamanha transformação.

Antártida verde

A mudança aconteceu na transição entre duas épocas geológicas distintas, o Eoceno (que começou há 55 milhões de anos) e o Oligoceno (cujo início coincide com a geladeira global há 34 milhões de anos).

Para se ter uma idéia da discrepância entre as duas fases, basta dizer que a Antártida era coberta por florestas nessa época, e que a temperatura média do Canadá ou da Sibéria era de 18 graus Celsius. Uma das marcas da mudança foi justamente a chegada das glaciações à Antártida, que a acabaram transformando no continente gelado de hoje.

Dupont-Nivet e companhia documentaram essa mudança estudando rochas do platô do Tibete. Eles tiveram a sorte de encontrar uma sucessão de formações rochosas, que documentam com perfeição a alternância de fases secas e úmidas - provavelmente associadas a variações na órbita da Terra. Durante as fases molhadas, formavam-se depósitos de rocha calcária, a qual precisa de um meio úmido para surgir.

O interessante é que, quando vem a barreira Eoceno-Oligoceno, a alternância simplesmente cessa - sobram só rochas que se formam em condições secas. Os pesquisadores associam essa mudança justamente ao resfriamento global, porque a umidade da Terra nessas condições tende a se concentrar em geleiras, em vez de ficar solta na forma de vapor d´água ou água líquida.

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